- Área: 310 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Federico Cairoli
Takuru
Do guarani, cupim ou colônia de cupins. Comumente estão a metros do subsolo. Sua parte superior é um dispositivo de ventilação que também sombreia o cupinzeiro.
Piribebuy, lugar histórico e rural a 80km de Assunção. Moradia para uma família numerosa do interior. Como habitar um lugar de beleza natural extraordinária? Terra colorida, coqueiros e takurues!
Nos parece fundamental decodificar o terreno e entender sua alma. O silêncio do lugar. Determinar sua capacidade e gerar o menor impacto possível.
Compreender as camadas do lugar, as dinâmicas dos solos, os ventos, os fluídos, as texturas, as cores, a topografia, a flora e o céu.
Propomos uma moradia de terra.
Matéria que se torna geometria, artifício.
Construção que surge do lugar.
Muros e abóbadas. Piso que se torna cobertura.
Da escavação de uma grande fossa (reservatório de água para o gado) obtemos a matéria prima. Uma moradia austera, econômica e amável com o entorno, onde 85% do volume da construção é extraído no lugar.
Nos interessam construções vernaculares, tradicionais, repletas de sabedoria, pertinentes e econômicas.
Sensibilidade com o lugar, inércia térmica, sombras e penumbras em um clima particular são algumas das premissas de partida.
Um sistema construtivo que retomamos do passado, mas desde o profundo conhecimento da matéria. Fabricamos tijolos compactos de terra crua do lugar para as paredes interiores e abóbodas. Construímos estruturas de taipa de 40 cm nas paredes portantes exteriores, obtendo uma excelente inércia térmica.
Em paralelo com a ventilação cruzada convencional, adota-se um sistema de ventilação por subsolo conhecida como um poço que permite igualar a temperatura do ar exterior com a do subsolo da moradia que permanece praticamente constante durante todo o ano em uma variação entre 18 e 21 graus.
Isso permite, tanto no inverno como no verão, utilizar a energia geotérmica substituindo os sistemas de climatização convencionais (ar-condicionado, lareiras), mantendo a temperatura no interior graças aos espessos muros de terra.
Tratamos as águas negras e cinzas com um sistema de fitodepuração que consiste no tratamento das águas mediante a ação biológica das raízes de determinadas plantas aquáticas. Utilizamos o aguapé (Eichhornia Crassipes), uma planta local com um grande rendimento na depuração.
O sistema consiste na introdução do efluente em um reservatório que contem tais plantas cujas raízes injetam oxigênio na água contribuindo para a ação das colônias de bactérias aeróbicas contidas nas mesmas.
Utilizamos madeira nos pilares, material natural. As portas e móveis provêm de espécies reflorestadas e os pisos são de pedra da região. A água da chuva das coberturas é canalizada e distribuída para as hortas da família localizadas nas áreas mais baixas do terreno.